terça-feira, 28 de abril de 2009

Título de hoje:
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*Baratinada
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Já ouvimos falar aos montes de pessoas que utilizam partes do corpo que não sejam mãos e boca para tocar instrumentos musicais ou, ainda, que fazem música a partir de sons extraídos de objetos do dia a dia. Programas de auditório, então, adoram essas atrações. Mas foi a partir de um vídeo no Youtube que resolvi citar alguns exemplos. Fiz uma pesquisa rápida e superficial, e escolhi alguns para "apresentar".


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Gerry Phillips tem um canal no Youtube com 129 vídeos adicionados. Destes, 128 mostram Gerry acompanhando alguma música famosa com as mãos. Por que ele reproduz notas musicais dessa maneira? "The answer is, because I can", ele responde. Essa técnica extravagante o levou a fazer comerciais para a marca de tênis australiana Dunlop Volleys. No Youtube pode-se conferir "The Can Can" e "The Mexica Hat Dance".

Passando das mãos para os pés, me deparei com o DJ francês Pascal Kleiman. Seus pés simplesmente desempenham ações normais com muita desenvoltura. Sem querer promover um concurso de quem é melhor nesta categoria, mais impressionante é Tony Melendez tocando violão (veja "Let it be"). Infelizmente, esses dois últimos exemplos são de pessoas que utilizam os pés por não terem os braços.

Sem nenhum propósito, resolvi avacalhar um pouco a minha pesquisa e procurei por pessoas que tocam com... “todo o conjunto das nádegas”. Claro que não esperava achar, caso encontrasse, algo minimamente bom. Para minha surpresa, ou não, eis um tocador de flauta.
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De tão tosco, comecei a rir. E como se trata de um vídeo tosco, o desfecho não é nada glamouroso. O ser humano se submete a cada coisa que, se você escolher por não ignorar, é melhor gargalhar.

Para finalizar minha busca, "Dance of the Sugar Plum Fairy" de Tchaikovsky interpretada por Anna e Arkadiusz Szafraniec. É um casal de poloneses que toca músicas clássicas em taças de vinho. Para conseguirem chegar às notas desejadas eles se atentam à espessura do vidro e ao uso da água. Depois de alguns exemplos excêntricos, finalizar com Glass Duo é uma boa pedida.
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segunda-feira, 20 de abril de 2009

Título de hoje:
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*Tintinando

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Se ataquei demais a banda na época em que surgiu, mais tarde eu teria uma opinião bem diferente sobre suas músicas. Os Los Hermanos me conquistaram em um show em outubro de 2005 no Chevrolet Hall, em Belo Horizonte. Demorei para prestar atenção no quarteto, mas nada como o ditado popular para me justificar: "antes tarde do que nunca".

De início, fiquei espantada com a reação do público. Os fãs pareciam seguidores de uma poderosa seita. Algumas vezes mal conseguia ouvir as vozes dos vocalistas Marcelo Camelo e Rodrigo Amarante.
Infelizmente não aconteceu um quinto álbum e o Los Hermanos "saíram de férias". Um pouco decepcionada, aguardei principalmente os trabalhos dos dois compositores (no caso do Amarante, algo além do seu trabalho com samba e gafieira na Orquestra Imperial). E o que veio?
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Em novembro de 2008 ganhei de presente um ingresso para o show do Marcelo Camelo no Palácio das Artes, em Belo Horizonte, para conferir seu primeiro trabalho solo. Foi muito bom rever o músico no palco que, para surpresa de muitos, acabou tocando alguns sucessos dos Los Hermanos. Mas ao ver Little Joy no Freegells Music em janeiro desse ano, também na capital mineira, constatei de vez minha preferência por Rodrigo Amarante. Mesmo diante da impressionante reação do público em ambos os shows, aprecio mais a ousadia que permeia os trabalhos desse segundo, embora muitos fãs acreditem que esta ousadia esteja na melancolia do Marcelo. Sim: caí na tentadora comparação entre os músicos, mas também não tenho a intenção de aprofundar o texto nessa linha.
Gostaria que os Los Hermanos voltassem para a estrada, mesmo que os quatro músicos tenham provocado em mim certa preguiça ao anunciarem os shows de abertura para as apresentações de Kraftwerk e Radiohead - nos dias 20 e 22 de março, durante o Festival Just a Fest - mas negando o retorno definitivo da banda. Se a decisão for a de não encararem os palcos juntos novamente (para a felicidade daqueles que os consideram "Loser Manos"), algo me diz que ficarei mais atenta nos passos do baixinho. Aliás, o que ele anda fazendo por agora?

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quinta-feira, 9 de abril de 2009

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*Rodando Filme
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Imagem cinematográfica como pintura: é mais ou menos nessa linha de raciocínio que seguem os que admiram o trabalho do inglês Peter Greenaway e se aprofundam em pesquisas, monografias, mestrados e por aí vai. Eu mesma me envolvi em estudos de sua filmografia. Mas isso já faz alguns anos e eu me enferrujei no quesito "cinema greenawayano".

Porém, o olhar independe do universo acadêmico. Tem certas coisas que não exigem muito do intelecto; às vezes a sensibilidade conduz muito bem o entendimento. Por isso deixarei de lado definições complexas e tomarei como ponto de partida a maneira como Greenaway explora a ambiência em seus filmes. Acho que esta palavra me ajuda bastante: ambiência. Ela engloba tudo: o cenário, a fotografia, os personagens, as ações. Trata-se da composição de várias telas que são mostradas uma após a outra em um ritmo que permite ao espectador contemplar.

Se todo filme é uma sucessão de reproduções fotográficas - imagens em movimento - Greenaway se destaca no modo de trabalhar essa experiência audiovisual. Quem for buscar por suas obras vai deparar com um profissional que explora na película o teatro, a pintura, a ópera, o vídeo. Vai descobrir que ele diz não gostar de contar histórias, pois acredita que não se deve reduzir o cinema à literatura. Uma afirmação um tanto extremista talvez, já que seus filmes contam histórias sim, senhor. Mas é verdade também que seus trabalhos não são fáceis de ser "digeridos". Trata-se de uma experiência de imersão nas imagens, não há dúvida. E é por este motivo que escolhi uma sequência de um dos seus filmes - a qual me faz invejá-lo - para iniciar uma série de postagens que pretendo fazer com cenas do cinema que são verdadeiras obras de arte.
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Para quem não gosta de sinopses de filmes ou mesmo ver algum trecho "antes da hora", não siga a leitura se ainda não assistiu "O Cozinheiro, o Ladrão, sua Mulher e o Amante", filmado no final da década de 1980. Como já li uma vez, é "orgânico", de "discurso poético", "discurso imagético". Nas cenas que se seguem no vídeo abaixo, um casal se encontra no banheiro de um restaurante (o homem, solteiro, e a mulher, casada, se notaram enquanto jantavam, cada um em sua mesa). Não é necessário nenhum diálogo: uma única câmera narra os acontecimentos em um enquadramento perfeito e em apenas um movimento. Esse movimento marca justamente a mudança de cenários. Mudança que é intensificada pela variação de cores e seus significados: branco (isolamento, sonho) e vermelho (perigo, paixão). A teatralidade na representação e o figurino impecável acompanham a iluminação. Signos, gestos, expressões (ou a falta delas). Uma verdadeira aula de Estética e Semiótica.
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Uma pequena curiosidade quanto ao figurino: este é de autoria do estilista francês Jean-Paul Gaultier. Para quem precisar se familiarizar, ele é o reponsável pelos trajes de Madonna em sua turnê "Blonde Ambition", de 1990.
A trilha eu deixei propositalmente como última observação. Ela é do compositor inglês
Michael Nyman e é intitulada "Fish Beach". Curiosamente não se encontra na trilha sonora original deste filme, mas do produzido no ano anterior à ele (1988), "Afogando em Números".
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Levando em consideração o cenário principal do filme, bom apetite! Contemple essas belíssimas fotografias. É um trabalho estético fascinante.
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